Enquanto em países desenvolvidos a área mais popular no ensino superior atualmente é STEM (ciência, tecnologia, engenharias e matemática), no Brasil ainda há mais graduados em Administração e Direito. Os dados são do relatório Education at a Glance, da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado mundialmente nesta terça-feira, 9.
Profissionais com formação em STEM são considerados fundamentais para o avanço de um país, impulsionando inovações tanto na indústria quanto em setores emergentes. Segundo o relatório da OCDE, no Brasil, 16% dos adultos são formados em STEM, enquanto 34% em Administração e Direito; 19% em áreas de Saúde e 8% em Artes e Humanidades.
Já em países como Alemanha e Coreia do Sul, 35% e 32% estão formados em STEM atualmente. Outras nações têm índices acima de 25% na área, como Estados Unidos, Finlândia, Reino Unido, Índia, além dos latinos México e Chile.

Entre os membros da OCDE, 23% dos alunos de bacharelado escolheram STEM, com um equilíbrio maior entre as outras áreas de estudo, o que também não ocorre no Brasil. São 22% nas áreas de Artes, Humanidades e Jornalismo; 23% em Administração e Direito e 16% em Saúde.
Os números são relativos a 2023. O restante está distribuído nos outros campos de ensino superior.
Neste ano, o foco do relatório de educação da OCDE é justamente o ensino superior. Ele mostra que atualmente 48% dos jovens adultos nos países desenvolvidos concluem a faculdade, em comparação com apenas 27% no ano 2000.
O Brasil, que não faz parte da OCDE e é incluído como um país convidado no documento, tem 24% dos jovens de 25 a 34 anos com ensino superior.
O relatório lembra que quem se forma em ensino superior tende a ter rendimentos mais altos, empregos mais estáveis, melhor saúde e maior participação cívica.
“A transição para uma economia mais digital e intensiva em conhecimento está aumentando a demanda por habilidades avançadas e qualificações superiores”, completa o texto do documento. “Essa demanda continuará a crescer, à medida que o envelhecimento da população leva à escassez de habilidades.”
De acordo com os dados mundiais, a educação dos pais ainda é um forte determinante do nível educacional dos filhos. Nos países da OCDE, jovens de 25 a 34 anos cujos pais se formaram em ensino superior têm 70% de probabilidade de obter um diploma também, enquanto aqueles cujos pais não concluíram o ensino médio têm 26%.
O relatório destaca que “as áreas STEM são particularmente valorizadas” no mercado de trabalho, por isso os formandos dessas áreas enfrentam menos desemprego e têm melhores salários.
Na maioria dos países, as mulheres dominam a área da Saúde, mas aparecem bem menos nas áreas de STEM. Avaliações da OCDE também mostram desempenho mais baixo de meninas na Matemática, mas há um equilíbrio maior na área de Ciências.
A maioria dos profissionais que têm doutorado nos países da OCDE também é das áreas de ciência, tecnologia, engenharias e matemática. Já o mestrado é dominado pela Administração, por causa dos cursos MBA.
Segundo o Estadão, mostrou, o número de estudantes formados em engenharias no Brasil tem caído nos últimos anos. Em 2015, o País tinha 358 mil alunos de Engenharia Civil, por exemplo. Atualmente são 172 mil, diminuição de 51%.
Entre as razões apontadas por especialistas estão a baixa qualidade do ensino de Matemática e Ciências nas escolas e maior complexidade dos cursos de engenharia em comparação a outras áreas.