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Novo reitor da USP vai criar núcleo de transformação digital e disciplina de IA para todos os cursos

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Uma das prioridades do novo reitor da Universidade de São Paulo (USP), Aluísio Segurado, nomeado nesta quinta-feira, 4, pelo governador Tarcísio de Freitas, será a criação de um Escritório de Transformação Digital e Inteligência Artificial. Em sua primeira entrevista como reitor, ele afirmou ao Estadão que uma das atribuições do grupo será criar “uma disciplina optativa para alunos de graduação e pós-graduação no primeiro ano, focada em introdução à IA”. Ele também prevê um programa de formação para os professores na nova tecnologia.

“O objetivo é também ter um espaço de regramento, do uso ético e pedagogicamente correto das tecnologias, e um repositório de material instrucional para educação continuada de todas as equipes, incluindo servidores”, disse.

Conforme Segurado, a USP já adquiriu duas plataformas computacionais de alta performance que servirão como “arcabouços tecnológicos”. O novo escritório vai também definir quais plataformas de IA serão disponibilizadas para uso coletivo. A intenção é que o grupo de tecnologia discuta processos de ensino e de gestão acadêmico-administrativa da universidade.

O novo reitor da USP Aluisio Segurado.
O novo reitor da USP Aluisio Segurado.

Segundo ele, o órgão terá professores da Escola Politécnica, Escola de Engenharia de São Carlos, Instituto de Matemática e Estatística de São Paulo, e Instituto de Ciências Matemáticas e Computação de São Carlos. A nova disciplina será interdisciplinar e permitirá a participação de estudantes de todos os cursos.

“Claro que você nós temos públicos em diferentes graus de familiaridade com essas ferramentas. Há jovens que já se valem delas, mas precisariam entender como a universidade quer fazer o uso correto e eticamente responsável desse novo mundo digital”, disse.

Segurado, de 68 anos, é infectologista e professor da Faculdade de Medicina. Foi pró-reitor de graduação da atual gestão do reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior e também dirigiu o Instituto Central do Hospital das Clínicas (HC) na pandemia de covid-19.

O novo reitor foi o mais votado na eleição realizada na semana passada na USP e uma lista tríplice foi enviada nesta terça-feira ao governador – Tarcísio, que tinha a prerrogativa de escolher qualquer um dos três nomes, fez a nomeação em dois dias. A posse será em 25 de janeiro e ele ficará no cargo até janeiro de 2030.

“As mudanças mais substantivas devem ser desencadeadas no primeiro ano da gestão para que haja tempo de implementá-las e colher frutos”, afirmou. Outra prioridade, segundo ele, serão as negociações para garantia do financiamento da universidade.

Desde 1989, a USP recebe 5% da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do Estado, o que tem garantido sua autonomia e um planejamento orçamentário. Com a reforma tributária, o tributo deixará de existir gradualmente a partir de 2026.

Dessa forma, os valores e a origem dos recursos terão de ser discutidos com o governo do Estado. Em 2025, o orçamento da instituição foi de R$ 9,15 bilhões.

Segurado afirmou que, antes mesmo da posse, passará a se reunir com o grupo que já discute possíveis novas formas de financiamento e que inclui os reitores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – as duas instituições também têm seus orçamentos vinculados ao ICMS. Ele também pretende se reunir com o governador. “É preciso garantir a autonomia universitária durante a implementação da reforma tributária.”

Sobre os indícios de fraude no Provão Paulista, revelados pelo Estadão, Segurado afirmou que foram “ocorrência isoladas”. No mês passado, imagens da prova foram publicadas nas redes sociais por estudantes, durante o exame. O Provão Paulista foi criado há três anos apenas para alunos das escolas estaduais e seleciona estudantes para USP. O Estadão encontrou vídeos e centenas de comentários mostrando posts no TikTok e no X (antigo Twitter) com imagens de questões da prova e até do gabarito já preenchido.

“A responsabilidade é muito grande. Nós estamos falando de vagas em universidades públicas, nós temos que garantir toda a lisura do processo.” Mais de 400 mil alunos só do 3º ano participaram do exame, cuja aplicação é feita pela Fundação Vunesp e por professores da própria rede estadual. Segurado afirmou que, apesar de ter sido informado que não houve impacto na seleção, serão feitas reuniões de avaliação sobre o processo.

Neste ano, a USP caiu 16 posições no ranking internacional QS World 2026. A instituição brasileira ocupava a 108° colocação da lista, que avalia 1.501 universidades de todo o mundo a partir de indicadores como reputação acadêmica, proporção de estudantes internacionais e resultados de emprego. Com a nova rodada de avaliações, a USP volta a figurar fora do top 100 do ranking depois de ficar em 85° ranking publicado em 2023, e 92°, no de 2024.

No entanto, em outro ranking divulgado este mês, o Interdisciplinary Science Rankings (ISR), a instituição subiu 25 posições, ficou entre as 50 melhores universidades do mundo e foi a mais bem posicionada do Brasil. A USP passou da posição de número 57 para a de número 32.

“Os rankings divergem significativamente em suas metodologias e indicadores. A USP precisa trabalhar com os rankings e não para os rankings”, afirma. “Estou satisfeito com a posição da USP nos rankings, nossa liderança não foi questionada.”

Apesar disso, Segurado acredita que a universidade precisa ter mecanismos mais eficientes para mostrar sua contribuição à sociedade. “Eu sei muito bem o representa esse patrimônio de educação superior público do Estado de São Paulo para o País, mas eu gostaria que mais pessoas compartilhassem comigo desse mesmo entendimento.”

Uma das medidas será criar novas “métricas de impacto social e econômico”, como, por exemplo, o número de empresas “filhas da USP”, explica. “Qual o número de empregos criados a partir delas, além de patentes, que somente quem é mais ligado à ciência compreende?”, questiona.

Para ele, esses resultados precisam ser divulgados junto com dados como quantidade de pesquisas acadêmicas ou de doutores. “Com a polarização política, a universidade pública tem sido continuamente atacada, mas a melhor resposta é o diálogo e o fortalecimento da relação com a sociedade.”

A nova vice-reitora, também nomeada nesta quinta-feira, será ex-diretora da Escola Politécnica Liedi Légi, que foi a primeira mulher a assumir a faculdade de Engenharia. A nova gestão também pretende criar um novo núcleo de acessibilidade para estudantes com deficiências e neurodivergências, como os diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA). “Precisamos garantir a esses diferentes públicos de estudantes que estão entre nós condições de desenvolver os seus programas satisfatoriamente com êxito”, afirmou Segurado.

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