Não sei se isso acontece com vocês, mas eu tenho uma enorme dificuldade em me sentir informada.
Entre clientes, minha filha, yoga, casa, amigos e novos projetos… quando exatamente a gente lê jornal?
Sou só eu que ainda não descobri uma fórmula para equilibrar tudo isso e ainda saber o mínimo que está acontecendo no país e no mundo?
Guerra na Ucrânia, tarifaço americano, decisões do STF, descobertas genéticas, e a Shakira, que aparentemente superou a história da geleia e voltou com o Piqué. Muita informação pra absorver, meu senhor!
E, ainda por cima, com a janela micro de tempo livre que eu tenho, muitas vezes só quero desligar o cérebro (no momento: Casamento às Cegas – Itália).
E aí, onde é que encaixa atualização?
Nos últimos tempos, meu jeito de “me manter informada” era ouvir podcasts sempre que eu saía de casa — feira, supermercado, farmácia, academia. E eu realmente amava esse ritual: útil e agradável.
Só que hoje, indo para yoga, eu esqueci os fones. Pensei seriamente em voltar para buscá-los. Mas decidi não. Fazia quanto tempo que eu não saía de casa sem áudio? Meses.
Resolvi testar. E me surpreendi. Sem notícias para me instruir/distrair, atravessei a feira sorrindo, cumprimentando os feirantes, notei vitrines, tive uma ideia de presente de Natal pros sobrinhos. Pensei neste texto.
Todo mundo fala de “presença” (ou pelo menos o meu algoritmo fala), mas hoje eu realmente vivi isso. Estive presente. Não em uma sessão com cliente, mas comigo mesma.
Tim Ferriss fala sobre ignorância seletiva como forma de sobreviver à hiperinformação. O primeiro passo é aceitar que você não vai saber de tudo, e tudo bem (ele chegou ao extremo de não ler livros novos, só clássicos!).
Depois, a dica é usar seu círculo de pessoas como curadoria. Perguntar para quem já acompanha certos temas. E, em assuntos polêmicos, conversar com pessoas de perspectivas diferentes. Walter, o que achou da história do Banco Master? Bina, como negoceio o aumento do aluguel com minha inquilina? Nishi, como resolvo tudo e qualquer coisa?
Não estou sugerindo que você pare de se informar – muito pelo contrário. Eu adoro aprender e valorizo conhecimento. Mas percebi o impacto de também cultivar espaços de silêncio e presença, mesmo que por alguns minutos. Ter seu “Board de Conselheiros para Assuntos Diversos” ajuda a filtrar a avalanche de notícias. E, do outro lado, permitir pequenos momentos sem fone, sem conteúdo, só com você, ajuda a organizar o que importa. No fim, talvez a melhor forma de se manter informada seja equilibrar informação com silêncio. Afinal, presença também é conhecimento.
