O Brasil ainda figura entre as últimas posições nos rankings mundiais de educação. No Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), exame aplicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o País ocupa as últimas posições entre as nações avaliadas: 65º lugar em Matemática, 62º em Ciências e 52º em Leitura. Por trás desses números, há um diagnóstico compartilhado por especialistas: sem investir na formação docente, não há caminho possível para uma educação mais forte e inclusiva.
Esse foi o tom do novo episódio do podcast É Sobre Educação, uma produção do Estadão Blue Studio em parceria com o Sesi-SP. Participaram da conversa Patrícia Martins de Oliveira, especialista em Educação do Sesi-SP, e André Lázaro, diretor de Políticas Públicas da Fundação Santillana, que discutiram os desafios e as urgências de um tema que atravessa todo o sistema de ensino: a valorização e o desenvolvimento contínuo do professor, sob mediação da jornalista Camila Silveira.
Para Lázaro, a formação dos educadores no Brasil ainda está muito distante da realidade que se vive nas escolas. “A educação se tornou um conjunto de habilidades e regras meio abstratas. É preciso aproximá-la do mundo real, das condições em que os alunos vivem”, afirmou. Segundo ele, a formação continuada deve ocorrer dentro da escola, de forma coletiva, e não isoladamente. “Aprendemos que a formação mais eficaz é aquela feita no convívio e no cotidiano escolar”, completou.
Patrícia destacou que o programa Sesi para Todos foi criado justamente para aproximar a formação docente das necessidades reais da sala de aula, oferecendo cursos e tecnologias educacionais gratuitas às redes públicas. “Queremos que o professor se sinta mais preparado e conectado com o território em que atua. As formações precisam dialogar com o que ele vive no dia a dia”, afirmou.
Para os especialistas, mais do que uma estratégia pedagógica, investir na formação docente é reconhecer o papel do professor como agente de transformação social. “Cada um de nós tem um professor que nos inspirou e nos colocou no bom caminho. Eles merecem reconhecimento e melhores condições de trabalho”, afirmou Lázaro.
Patrícia completou com uma reflexão sobre o compromisso da profissão: “Ser professor não é um dom, é trabalho: exige tempo, estudo e investimento. A docência vale a pena porque transforma o presente e constrói o futuro.”