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Não é só no Brasil: por que as salas de aula estão mais caóticas até na Finlândia e na Bélgica

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Da Finlândia ao Cazaquistão, passando obviamente pelo Brasil, as salas de aula estão ficando mais caóticas e com problemas crescentes de disciplina. É o que dizem professores do mundo todo, ouvidos na pesquisa feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgada nesta semana.

Um em cada cinco professores nos países da OCDE afirma que perde muito tempo por causa das interrupções dos alunos durante as aulas. Na Finlândia, considerada há anos o exemplo de educação a ser seguido mundialmente, aumentou de 18% para 28% o número de docentes que disseram precisar pedir aos alunos para seguirem as regras na classe.

Na Bélgica, no Chile, em Portugal e na África do Sul, ao menos um terço afirma que há confusão e barulho durante as aulas.

Já o Brasil é o campeão em todos os rankings de indisciplina. É onde mais docentes relatam serem “intimidados ou verbalmente abusados” pelos seus alunos, 46%. Eram 36% em 2018. Por aqui, 6 em cada 10 afirmam que manter a disciplina na classe é sua grande fonte de stress e 57% relatam muita bagunça.

Um terço dos professores em vários países relatam bagunça e barulho nas salas de aula.
Um terço dos professores em vários países relatam bagunça e barulho nas salas de aula.

Os dados sobre disciplina foram destacados pelo diretor de educação da OCDE, Andreas Schleicher, em um relatório sobre insights do Teaching and Learning International Survey (Talis). Para ele, esses resultados estão ligados às questões da sociedade atual e da geração de jovens que cresce no mundo dos smartphones. Ele aproveita para elogiar os países que proibiram o uso de celulares nas escolas, como fez o Brasil este ano.

É mais do que evidente que os desafios de fora entram na sala de aula cada vez mais. Ficam para os professores as tarefas não só de conteúdo, mas comportamentais – em especial em países vulneráveis, onde a escola é o ambiente mais estruturado que a criança vivencia.

Muitas dependem da escola para comer, para tomar vacinas, para ter contato com livros ou computadores, e agora para aprender a usar com responsabilidade as novas tecnologias.

Mas mesmo entre países ricos e escolas de elite nos bairros nobres de São Paulo, os professores convivem com igual falta de respeito e indisciplina de estudantes acostumados com as respostas rápidas das notificações, acesso a conteúdo inadequado e pouco limite.

Pais e mães, também perdidos sobre como educar para o mundo digital quando eles próprios se veem consumidos pelo celular, despejam nas escolas suas expectativas e cobranças.

Temos que ser solidários aos incansáveis professores e professoras, que comemoram na próxima quarta-feira, 15, seu dia. Mesmo diante dessas dificuldades, eles e elas ainda afirmam estar satisfeitos com seu trabalho.

No mundo, 9 em 10 relatam na pesquisa da OCDE que veem mais vantagens do que desvantagens na docência e que escolheriam de novo a profissão se fosse preciso. Nosso agradecimento como sociedade precisa vir em forma de ajuda, de formação.

Governos do mundo todo precisam focar esforços para capacitar professores para lidar com novos desafios da sociedade moderna: educação midiática, polarização, educação sexual, saúde mental.

Em tempos de inteligência artificial, educar tem menos a ver com conteúdo e muito mais com construir valores, habilidades para refletir, conviver com a diferença, ter criatividade e ainda resiliência para reagir às frustrações. Fundamentais tanto no mundo digital quanto no real.

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