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Por que o Brasil fica na lanterna da internacionalização da educação?

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Economias modernas competem pelos melhores cérebros – seja formando os seus nas universidades de excelência mundiais ou atraindo destaques de outros países. A formação no exterior traz vantagens individuais pela experiência de vida e conexões, mas também tem se tornado uma estratégia nacional de desenvolvimento. Na corrida pela internacionalização, como alguns pesquisadores chamam, o Brasil ainda está na lanterna.

Dados divulgados na semana passada pelo relatório Education at a Glance, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mostram que o País foi um dos poucos que não aumentaram a sua porcentagem de estudantes no exterior. Assim como em 2013, ainda só 0,2% dos brasileiros que têm ensino superior estudaram lá fora – cerca de 25 mil pessoas.

Em muitos países que tinham por volta de 5% de estudantes no exterior em 2013, diz a OCDE, esse índice dobrou em 2023, como Portugal, Estônia, Eslovênia e Lituânia. Outros cresceram ou mantiveram suas altas taxas, como Austrália (27%), Reino Unido (23%) e Suíça (20%).

Já os Estados Unidos continuam apenas enviando 5% dos jovens para fora, apesar de ser o maior destino de talentos estrangeiros. Dos 5 milhões de alunos internacionais no mundo todo, 957 mil vão para o país de Donald Trump, que recentemente passou a endurecer a concessão de vistos e outras regras para estudantes de outros países. Por outro lado, a maioria dos alunos que estuda fora (58%) é da Ásia.

O relatório da OCDE também destaca ações de alguns países nos últimos anos para atrair estudantes estrangeiros. Um dos mais antigos é o sistema Erasmus, que permite aos europeus fazerem créditos em universidades fora, do qual já participaram 16 milhões de pessoas.

E ainda iniciativas recentes da Austrália, Estônia, Turquia, Chile, além do Projeto Coreia 300k, lançado ano passado, que pretende chegar a 300 mil estudantes internacionais até 2027. Os programas envolvem currículos em inglês nas universidades e ajuda com residência e financiamento.

O governo brasileiro não tem nada dessa dimensão. O programa Ciência sem Fronteiras que, depois de bilhões gastos e 100 mil estudantes que foram para o exterior, acabou em 2017, com críticas de especialistas que sustentam que internacionalizar não é apenas mandar alunos para fora.

É preciso selecionar bem os candidatos, construir redes de colaboração de pesquisas, fazer parcerias para bolsas de graduação e pós, e dar incentivos para que eles voltem. Por aqui, investir em modernizar as estruturas e os currículos das universidades brasileiras para receber estrangeiros.

O Instituto Trajetórias, lançado neste mês, é um embrião de políticas com esse perfil, mas no terceiro setor. Vai estimular governos dos Estados a pagar bolsas, ao mesmo tempo que negocia descontos em instituições estrangeiras e busca dinheiro para os alunos se manterem lá fora. E, mais importante, quem não voltar para o Brasil precisa devolver o dinheiro que recebeu.

Como diz o pesquisador Pedro Fernando Nery, que fez estudos para o novo instituto, os benefícios do chamado “brain gain”, ou ganho de cérebros, são enormes para o desenvolvimento de um país. E as nações que ficarem para trás nessa corrida internacional vão “perder oportunidades de aprendizado, de inserção em redes estratégicas e de atualização tecnológica”.

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