Fonte de dados meteorológicos: wetterlang.de

Veja quatro coisas que os pais precisam saber sobre a Lei da Adultização e duas para já fazer agora

PUBLICIDADE

veja-quatro-coisas-que-os-pais-precisam-saber-sobre-a-lei-da-adultizacao-e-duas-para-ja-fazer-agora

O novo projeto de lei para proteger crianças e adolescentes nas redes sociais, aprovado na Câmara dos Deputados nessa quarta-feira, 20, tem regras para as plataformas que vão de remoção de conteúdo impróprio a mecanismos para impedir o vício de menores.

Após a repercussão do vídeo do influenciador Felca o governo Lula e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), passaram a apoiar o texto, que aguardava discussão desde o início do ano. O Executivo e o comando do Legislativo costuraram um acordo com a oposição para que houvesse consenso.

O projeto é chamado de ECA Digital – em referência ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – ou PL da Adultização, por causa do vídeo do Felca. Nesta semana, ele deve voltar ao Senado para nova votação, mas a expectativa também é de celeridade.

E o que pais, mães e responsáveis devem saber sobre as mudanças propostas pelo projeto?

Conta de menores de idade terá de ser vinculada ao perfil de um adulto responsável por ele
Conta de menores de idade terá de ser vinculada ao perfil de um adulto responsável por ele

A seguir, quatro pontos importantes do projeto de lei 2628:

  1. Qualquer conta nas redes sociais de menores de 16 anos deverá ser vinculada à conta de um adulto responsável. Isso quer dizer que esse adulto vai poder controlar as configurações de privacidade, restringir compras e ver os perfis adultos com os quais o menor se comunicou. Não está claro ainda se esse adulto poderá acessar os conteúdos que menor acessou.
  2. As plataformas terão de verificar o conteúdo que é sugerido para contas de menores, como os vídeos que aparecem para eles no feed ou nos stories, por exemplo. E impedir que cheguem às crianças e aos adolescentes conteúdos danosos ou inapropriados para a idade, como pornografia, violência, assédio, bullying, materiais que incentivem a ansiedade, a depressão, o suicídio e os transtornos alimentares, além da promoção de jogos de azar, bebidas e cigarros. E ainda não podem monetizar ou impulsionar conteúdos que retratem crianças e adolescentes de forma erotizada ou sexualmente sugestiva
  3. As plataformas deverão ter ferramentas de supervisão parental melhores, mais claras, em português, e fáceis de usar. E ainda terão de verificar a idade verdadeira do usuário de alguma forma que não seja só a autodeclaração
  4. As plataformas precisarão também ter mecanismos que impeçam o uso viciante das redes por crianças e adolescentes. Fica proibido, portanto, reprodução automática de vídeos, recompensas pelo tempo de uso e notificações na contas de menores.

Entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente comemoraram a aprovação do PL, que já havia passado por diversas audiências públicas, inclusive com representantes das big techs.

Uma das mudanças negociadas com a oposição nesta semana foi a de que a remoção imediata de conteúdos que violam os direitos de crianças, sem a necessidade de ação judicial, só acontecerá em algumas circunstâncias:

  • se os denunciantes forem a própria vítima ou seus responsáveis,
  • se for o Ministério Público,
  • ou se forem representantes de entidades de defesa dos direitos das crianças.

Anteriormente, o projeto previa que isso deveria ocorrer após qualquer denúncia. Parlamentares que viam o PL com ressalvas, especialmente apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), falavam sobre risco de cerceamento da liberdade de expressão.

Conforme o texto aprovado, as empresas também precisam agir ativamente para comunicar e fazer relatórios sobre aparente exploração ou abuso de menores. O projeto prevê ainda que o País tenha um órgão autônomo para fiscalizar todas as novas exigências às plataformas.

Mesmo com uma provável aprovação rápida no Senado, a lei só deve entrar em vigor daqui um ano. Enquanto isso, pais, mães ou responsáveis por crianças ou adolescentes já podem fazer duas coisas:

  1. Garantir que todos os perfis do menor tenha a identificação correta da idade dele. O perfil do Google, que é usado para acessar e-mail, pesquisas e o YouTube, e ainda os de redes sociais, como Instagram e TikTok, precisam estar cadastrados com a idade verdadeira da criança ou do adolescente. Se o menor eventualmente mentiu ao se cadastrar, é preciso ajustar isso nos aplicativos que permitem. Isso porque há plataformas que já têm alguns mecanismos de proteção aplicados automaticamente para menores.
  2. Não deixar que a criança ou o adolescente entre na internet em qualquer plataforma com perfil adulto, nem mesmo o do pai ou o da mãe. Isso pode liberar acesso a ele a conteúdos inapropriados e prejudiciais ao desenvolvimento.

“As famílias também já devem trazer esse assunto para casa porque, em breve, esses hábitos de acesso às redes sociais vão mudar por causa da lei e das regras impostas às big techs”, afirma a líder de políticas públicas do Movimento Desconecta e fundadora da Plataforma 12, Catarina Fugulin.

Ela lembra que também é importante já baixar os apps de supervisão parental e criar regras em casa, como não usar o celular depois de determinado horário ou dentro do quarto.

“Os pais também podem repensar os próprios hábitos, de postar fotos dos filhos em redes sociais e repensar com as crianças e adolescentes a exposição deles nas redes”, sugere.

Em experimento feito pelo Estadão, publicado na semana passada, foi possível encontrar em minutos comentários relacionados a pedofilia em vídeos com imagens de crianças.

O movimento Desconecta recomenda que adolescentes só tenham celulares após os 14 anos e contas em redes sociais depois dos 16.

Procurado para comentar a aprovação do PL, o YouTube informou que nenhum tipo de conteúdo que coloque menores em risco é permitido” na plataforma, que tem “políticas de segurança infantil robustas” e “equipes trabalhando 24 horas por dia para detectar e remover conteúdo prejudicial”.

Também procurados pela reportagem, Meta e TikTok não comentaram.

Mais recentes

PUBLICIDADE

Rolar para cima