Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro perceberam um furo na estratégia do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para emplacar a anistia no Congresso e se cacifar como anti-Lula na disputa pelo Palácio do Planalto: seu próprio partido continua no governo. Diante dessa constatação, bolsonaristas passarão a pressionar para que o Republicanos, a exemplo do PP e do União Brasil, decretem que nenhum filiado poderá ocupar cargo na Esplanada.
A demanda da oposição ainda não foi informada ao presidente do Republicanos, Marcos Pereira, mas já foi discutida com Tarcísio, segundo apurou a Coluna do Estadão. O alvo é o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, filiado à sigla. Ele entrou no governo Lula na reforma ministerial de agosto de 2023. O correligionário de Tarcísio assumiu o posto antes ocupado por Márcio França, do PSB, que foi deslocado para o ministério do Empreendedorismo.
Na última semana, Tarcísio mergulhou dois dias inteiros em Brasília para tentar articular com lideranças do Congresso algum tipo de anistia, em aceno para que Bolsonaro o escolha como seu sucessor na corrida pela Presidência da República, e ouviu essa cobrança.
O resultado da empreitada de Tarcísio foi o apoio do União e do PP ao perdão para quem participou dos atos golpistas e até a Bolsonaro, o que aumentou a pressão para que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), coloque o projeto de lei em votação. No entanto, a ofensiva esbarrou em um entrave de peso: o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que prefere acenar ao governo Lula e sinalizou que a anistia “ampla, geral e irrestrita” não passa na Casa.
Os bolsonaristas passaram a pressionar o presidente do União, Antonio de Rueda, a convencer Alcolumbre a embarcar na anistia a Bolsonaro, mas, ao mesmo tempo, avalia que nada adiante o discurso oposicionista de Tarcísio se o Republicanos continuar com fazendo parte do governo Lula.
